quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Viver

O viver é matemática,
viver é geometria.
O Pi é o infinito
o horizonte uma curva
a morte traço a carvão
o amor, raíz quadrada das coisas do coração!

Poesia é tridmensional

A poesia é tridimensional
Arte
Talento
Saber.
São as três dimensões para bem a escrever!

sábado, 17 de outubro de 2009

OBSSESSÃO

Estou agarrada ao passado

como erva daninha à terra

ou como lapa aos rochedos.

Com o presente vivo em guerra

e do futuro tenho medo.

O que passou, foi gravado

a fogo, na minha mente,

como um animal se ferra,

se grava nome em penedo.

Quero viver o presente

e o futuro quero sonhar,

mas o passado é mais forte

não me dá alternativa,

não me deixa libertar

quer comandar minha vida,

dominar -me até à morte!

QUADRAS À TOA

Minha escrita é uma reza
meu cantar, uma oração
para levar junto de Deus
penas do meu coração!

Corremos atrás do tempo
numa corrida de loucos
e o tempo de nós vai rindo
fugindo aos poucos e poucos!

Enterrámos mais um ano
na campa da eternidade,
e voltámos ao engano
que o que nasce é o da verdade!

Entre a amizade e o amor
há uma diferença abissal;
a amizade é bem querer
o amor é querer total!

Poder eu atrás voltar
escrever o que não escrevi;
saberia aproveitar
muita coisa que perdi!

MINHA SEDE, MINHA FOME

Minha sede, minha fome
de vida, eu não consigo
saciar por um momento
pois só tenho para as matar,
desencanto, desalento,
que trago a rodos comigo.
E esse pão que é desalento
nada vale a quem o come,
a água que é desencanto
é fruto de muito pranto;
não matam sede nem fome
só servem para as aumentar.
Duro pão, água salgada
não me saciam de vida
só me dão nada de nada!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

ACORDAR ADIADO

Enquanto pude, sonhei
o acordar fui adiando
mas de sonhar me cansei
que o tempo passa voando.

Sei que mais pobre fiquei
por meus sonhos ir deixando
mas mais não aguentei
pouco a pouco os fui matando.

Matando esses sonhos vãos
que meu viver iludiram
e de enganos não passaram

fechados em minhas mãos.
Abri -as, eles fugiram
e no Éter se esfumaram!

VISÃO ENGANADORA

Onde havia espinhos, via rosas
onde havia inveja, via competição;
nesta visão enganadora e enganosa
desfoquei a vida por acomodação.

Tornei -me, para mim mesma, mentirosa
ao tentar, ter da vida, errada noção;
querendo ver só libélulas e mariposas
e não, bichos peçonhentos com ferrão.

Quando começaram os espinhos picando
e a inveja deu frutos de mal e amargura
deixei de em enganos estar mergulhada

(Era em defesa dum viver mais brando)
Adoptei na vida uma outra postura
e passei de crédula a desconfiada!

GOSTAVA DE TER TEMPO

Gostava de ter tempo para estar comigo!
Mas o t empo diz -me:
Anda, vai, eu não sou teu
nem tu és tua.
Dá -me aos outros
dá -me aos que precisam,
aproveita -me e faz, faz,
trabalha, sai de ti própria
olha à tua volta
e usa- me.
Mas eu gostava de estar comigo....
a medo digo!
Gostava de te gastar
a sonhar
a inventar
ou a estar muito quietinha
de olhos fechados
a ouvir o som do silêncio
a melodia do abstracto,
ou abri -los e olhar o Céu.
Mas tu foges,
passas a correr
e eu tenho que esperar pelo morrer
para poder estar contigo,
para que então sejas meu!

ADIAR A VIDA

Não posso adiar
o brotar duma rosa
É Deus que manda.
Não posso adiar o morrer da criança
É Deus que manda.
Não posso adiar o fim nem o começo
É Deus que manda.
Pude adiar -me a mim...
Deus manda, mas eu desobedeço.
-Tenho o que mereço!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

FOSTE FRUTO DO MEU SER -minha filha

Foste fruto do meu ser,

em meu corpo te gerei,

quando saíste de mim

o sol resplandecia

como querendo saudar -te

dizendo para mim baixinho

que doravante ninguém

como eu, iria amar -te.

Meus seios te alimentaram

com seu precioso leite

até que t'o pude dar.

Hora a hora, dia a dia

ao teu crescer assistia

com um prazer indizível

e, quando pela vez primeira

disseste a palavra mãe,

pareceu -me quase impossível

tal era a felicidade,

tão grande foi o deleite,

que o meu pobre coração

quase saltava do peito.




Desde pequenina foste

caprichosa, independente,

mas muito acima da média,

briosa e inteligente.

Não eras muito expansiva

mas quando alguém te agradava

sabias ser grande amiga,

leal, desinteressada.

Foste criança normal

com traquinice banal

e bastante arrapazada,

não tinhas medo de nada.

Com o passar da idade

foste flor desabrochando

em inteligência e saber

consciente do dever

mas sem a mínima vaidade.

O tempo correu depressa

e mal me descuidei,

a criança que gerei

era bela adolescente

cada vez mais consciente.

Gostavas de divertir -te

de ir ao cinema e dançar

ir a festas, namorar

como toda a juventude;

mas à frente disso tudo

punhas o dever e o estudo

o que te tornou um exemplo

de consciência e virtude!

LAMENTO

Teu céu, uma pedra negra
teu chão é a terra fria
para estar em teu lugar.
Meu Deus, o que eu não daria!

Minha vida já vivi
bem ou mal, é relativo.
Que foi inferno, aprendi
desde que não estás comigo!

Muitas vezes me queixava
de uma vida comezinha.
Agora que nos deixaste
é que vejo o bem que tinha.

Marido sempre presente
filhos não eram banais,
sabedores, inteligentes.
Que raio é que eu queria mais?

DORMI COM A POESIA

Entreguei -me à poesia
dormi com ela na cama
e o fogo que em mim ardia
alimentou sua chama.

Nesse fogo consumia
o ardor que de mim emana
serve -me ela de acalmia
não para alcançar a fama.

É para me libertar
das grilhetas do real
dar, ao meu sentir, vazão

Pois que para mim sonhar
é fugir do racional
viver tudo com paixão!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

CANSAÇO CANSAÇO

Estou cansada da vida
que não é vida é suporte
porque a parte negativa
que a positiva, é mais forte.

Já não tenho directiva
já perdi, do rumo, o norte;
a bússola dessa vida
quebrou -se ao sabor da sorte.

Sorte não quer dizer sorte
na verdadeira acepção,
quer dizer destino, fado

pois se a sorte fosse sorte
não fosse contradição,
não tinha a bússola quebrado!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MÃE

Mãe! Quantos trabalhos e canseiras

quantas dores ao dar à luz e ao criar!

Quantas noites em claro, quantas olheiras

que por seres mãe, tu tens de suportar!



Mas, contrapondo, quantas brincadeiras

quantas descobertas com teu filho, a par!

quanto encobrir de pequenas asneiras

na cumplicidade de um meigo olhar!



Quanto de amor, de carinho, de ternura

caldeados com orgulho ou com coragem

relegam, o que sofras, para o fundo.



Por isso, quer sejas pecadora ou pura,

te presto, porque és mãe, minha homenagem

pois te considero o suporte do mundo!